Por Guilherme Grandi
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pretende retomar a cobrança do imposto sindical obrigatório que, segundo a minuta do projeto a ser enviado ao Congresso até setembro, terá um limite três vezes e meio maior do que o extinto em 2017, segundo economistas.
A proposta ainda está em estudo pelo Ministério do Trabalho e Emprego, mas já vinha sendo defendida pelo ministro Luiz Marinho desde o início do novo governo. Segundo a proposta, a taxa seria vinculada a acordos de reajuste salarial intermediados por sindicatos e limitada a até 1% do rendimento anual do trabalhador, a ser deduzida diretamente do salário.
Desde a entrada em vigor da reforma trabalhista em novembro de 2017, a contribuição sindical tornou-se opcional, substituindo o antigo imposto sindical que era descontado anualmente e correspondia a um dia de trabalho. Um estudo feito pelo Departamento Intersindical de Estatística (Dieese) aponta que a arrecadação dos sindicatos teve uma queda de 98% no período, passando de R$ 3,6 bilhões para R$ 68 milhões em 2023.
No entanto, após a posse do novo governo, um grupo de trabalho foi montado em meados de abril com representantes do ministério, sindicatos trabalhistas e das confederações patronais. Pela proposta em discussão, a que o jornal O Globo teve acesso, dois terços do valor arrecadado seriam destinados aos sindicatos, e o restante distribuído entre confederações trabalhistas.
O ministro afirma que o novo modelo proposto é diferente do imposto sindical anterior. Marinho argumenta que quem não quiser pagar, vai precisar ir à assembleia dos trabalhadores e votar contra.
“O que está em debate é criar uma contribuição negociável. Se o sindicato está prestando um serviço, possibilitando um aumento salarial, é justo que o trabalhador não sindicalizado pague a contribuição. Se ele não aceitar pagar a taxa, é só ir à assembleia e votar contra”, disse em entrevista ao jornal O Globo publicada nesta segunda (21).
Luiz Marinho afirma que a proposta ainda não chegou à Casa Civil, mas que conta com o apoio de Lula – que também sempre defendeu as forças sindicais e já expressou publicamente o apoio a um novo modelo de contribuição. O projeto deve ser apresentado a ele até o final de agosto.
As centrais sindicais esclarecem que, durante as negociações trabalhistas, a contribuição sindical será um dos pontos discutidos, juntamente com questões como aumentos salariais e benefícios. O valor ideal para o financiamento dos sindicatos ainda será debatido, junto de benefícios como vale-refeição e demais direitos.
“A assembleia vai definir se aprova ou não a contribuição sindical. Se a oposição for maioria, o processo volta e recomeça a negociação”, explica Miguel Torres, presidente da Força Sindical, também ao jornal O Globo.
Se todos os itens da pauta forem aprovados, exceto o valor da contribuição, o acordo será rejeitado e as negociações recomeçarão. Isso significa que os reajustes salariais só serão efetivados quando o valor da contribuição sindical para aquela rodada de negociações for aceito e definido. As duas questões estão interligadas.
Uma nova reunião entre os participantes do grupo de trabalho montado pelo governo deve ser realizada nesta semana. Um dos impasses ainda sem consenso é o valor da taxa a ser cobrada dos trabalhadores, considerada muito alta por entidades patronais.
Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/economia/novo-imposto-sindical-lula-tres-vezes-maior-extinto-2017/
(rhpravoce.com.br)
ESG, sigla em inglês que representa(ria?) o cuidado das empresas com governança, meio ambiente e aspectos sociais de sua atuação.
O assunto pode parecer repetido porque, em julho, falei da lei (lei 14.611/23) que trata da questão de igualdade salarial no Brasil, ainda não regulamentada. [1]
Mas hoje a questão expande fronteiras, talvez inspirada pela comemoração da lei anticorrupção, que coloca todo pessoal de compliance em congresso e discussões, e que, neste ano, apareceram assuntos de ESG sendo discutidos nesses fóruns e, mesmo sem tocar no termo “trabalhista”, já mostram um avanço.
Então, a questão veio para ficar, e num mundo globalizado, as empresas devem, cada vez mais, se preocupar com suas agendas sociais que, no final das contas, envolvem, internamente, as questões trabalhistas e de diversidade.
O S do ESG é uma preocupação que surge do capitalismo de stakeholders, em que as empresas pensam em si mesmas, mas também em toda sociedade que se relaciona com ela.
E O ESG hoje é medido por métricas, dentre elas, as definidas pelo Fórum Econômico Mundial[2], que, no aspecto social, analisa no quesito pessoas, desde diversidade e inclusão, equidade de remuneração, nível salarial. E na métrica de equidade de remuneração, uma métrica expandida mede o percentual de diferença entre a remuneração de homens e mulheres.
Também neste ano (2023), a União Europeia publicou uma Diretiva que trata da equidade salarial entre gêneros, que, dentre outras regras, determina que as empresas deverão comunicar qualquer diferença salarial superior a 5% entre pessoas de gêneros diferentes.
A realidade europeia é mostrada em um gráfico[3]:
Além disso, o etarismo continua solto por aí, e há notícias de que apenas 5% das vagas são ocupadas por pessoas com mais de 50 anos[4].
No outro “andar”, as pessoas com deficiência são menos empregadas e atuam mais na informalidade [5]. As pessoas trans continuam com dificuldade de inserção no mercado de trabalho[6].
Mas as empresas europeias exigirão de seus parceiros a comprovarão de cumprimento de metas ESG, (sem esquecer a Agenda 2030), o Fórum Econômico Mundial vai continuar medindo as empresas, e parece que o ESG chegou para ficar.
Dito isso, as empresas aceleram para terem programas sociais responsáveis…. Mesmo?
E o cuidado com o “social washing”?[7] Que nada mais é do que o “S” fake do ESG.
Quando pensar em um programa ESG, tome cuidado com a diversidade e com todas as regras sociais, e atue de verdade, nada de “lavagem social” no seu caminho.
Regras para evitar o famigerado “dano à imagem” passam por verificar sua realidade interna (com transparência e coragem), e sua adequação à diversidade real.
Não “mapeie cargos” para “pessoas diversas”, contrate pessoas por sua competência e adequação à vaga. Principalmente, mesmo(!) , não mapeie “vagas iniciais” para pessoas diversas, cuidado com programa de vagas de estoquistas, auxiliares disso e daquilo… e só.
Abriu vagas de verdade e percebeu falta de diversidade na “adequação”?
Primeiro, olhe o que você está exigindo, e veja se realmente, mas realmente mesmo, o que você coloca como competências são mesmo necessárias à função, algo como inglês fluente para quem atua em empresa nacional e não tem nenhum, nenhum contato com inglês no trabalho, nem precisará ter.
Todas as competências de sua regra são mesmo necessárias, e você não encontra diversidade nos candidatos?
Passe para o passo 2, e cuide dessa adequação.
Você vai ter um programa interno e um externo, capacitando candidatos.
Veja o exemplo do programa do SEAC – Sindicato das empresas de asseio e conservação, que alfabetiza trabalhadores da área[8].
Faça parcerias sérias, implemente um programa de verdade para gerar diversidade e preparar as pessoas que não atingiram o “grau de excelência “ exigido.
Essa adequação interna é o início do seu ESG é, para mim, o mais importante, pois não adianta ter projetos de “comunidades externas” e não olhar para dentro. Defender diversidade e ter um ambiente de trabalho preconceituoso que impede a diversidade.
Faça com que o verbo da primeira frase deste artigo esteja no presente e não no condicional.
[1] https://rhpravoce.com.br/colunistas/igualdade-salarial-mais-uma-lei/
[2] https://www.weforum.org/stakeholdercapitalism/our-metrics
[3] https://www.consilium.europa.eu/pt/infographics/pay-transparency/
[5] https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/34977-desemprego-e-informalidade-sao-maiores-entre-as-pessoas-com-deficiencia#:~:text=A%20taxa%20de%20formaliza%C3%A7%C3%A3o%20indica,3%25%20entre%20aqueles%20com%20defici%C3%AAncia.
[7] https://www.panaprium.com/blogs/i/social-washing
[8] https://www.seac-sp.com.br/pdfs/ensino_fundamental.pdf
Maria Lucia Benhame, advogada e sócia do escritório Benhame Sociedade de Advogados, especialista em gestão trabalhista. É uma das colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.
Fonte: https://rhpravoce.com.br/colunistas/diversidade-esg-o-tempo-urge-correndo-do-social-whashing/
(FEBRAC)
Ct Febrac: 130/2023
Prezados Senhores,
Segue informativo jurídico referente a Lei 14.611/2023, que trata da igualdade salarial e critérios remuneratórios entre mulheres e homens no ambiente de trabalho.
CLIQUE AQUI e acesse o informativo em PDF
Atenciosamente,
Cristiane Oliveira
Superintendente
A Fundação Getúlio Vargas reuniu nesta segunda-feira (21/8), no Rio de Janeiro, especialistas da área tributária e representantes dos setores público e privado para discutir os problemas e os avanços da reforma tributária, aprovada no mês passado pela Câmara dos Deputados e que deve ser votada pelo Senado em outubro.
O evento, intitulado "Reflexões sobre a Reforma Tributária", contou com a presença do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG); dos governadores do Rio de Janeiro, Claudio Castro (PL), e de Goiás, Ronaldo Caiado (União); do ministro Luis Felipe Salomão, do Superior Tribunal de Justiça; e de professores e especialistas da área tributária.
O deputado federal Pedro Paulo (PSD-RJ) afirmou durante o debate que a reforma representa um avanço, mas que pode haver "ganhadores" e "perdedores". No último grupo, ele citou como exemplos os setores de bens e serviços, que devem sofrer impactos negativos.
"Precisamos olhar setor a setor para que a reforma não tenha ganhadores e perdedores. Haverá prejuízo em muitos setores. Quem paga ISS (Imposto Sobre Serviços) com alguns tributos federais, como escritórios de advocacia, pode ir de uma carga média de 13% ou 14% para 25% ou 27%", disse o parlamentar.
Se prevalecer a proposta aprovada pela Câmara dos Deputados, a alíquota efetiva para taxar o consumo de bens e serviços deve ficar em 28,04%, segundo nota técnica do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
"Se ficarmos com a sugestão de alíquota em torno de 27% — o Ipea fala em 28% —, teremos uma simulação simples do que acontecerá no setor de serviços: pula de 19,53% de tributação global para, advindo a reforma do Imposto de Renda com a tributação de dividendos, 50,02%. O contribuinte vai de 19.5% para 50%", afirmou o advogado Luiz Gustavo Bichara durante sua exposição no evento.
"Pelo menos para o setor de serviços e comércio, estamos contratando uma carga tributária brutal. Ficando só no IVA (Imposto Sobre Valor Agregado, que será criado pela reforma), esse mesmo prestador de serviços vai pular de 8,65% para 28%", prosseguiu Bichara.
O advogado também criticou o fato de que temas relevantes só serão regulados depois da reforma, via leis complementares. "Há um capítulo razoável da reforma que terá seu tratamento regulado em lei complementar. Então é razoavelmente impossível antever a tributação."
Heleno Torres, advogado e professor da USP, expressou preocupação semelhante. Segundo ele, a reforma não terminará com a aprovação da proposta de emenda constitucional. "Ao término da construção dessa PEC, a reforma não terminará, apenas começará. Porque a efetiva reforma será travada na construção das leis complementares. A meu ver, parece-me que temos de ter uma lei complementar única."
"Como há diversas manifestações sobre leis complementares que vão dispor sobre isso, aquilo e aquilo outro, o meu temor é que comecemos a ter uma pluralidade de leis complementares e que elas gerem conflitos de interpretação. Aí a segurança jurídica que esperamos pode virar conflito jurídico", afirmou Torres.
O também professor da USP Humberto Bergmann Ávila recomendou que o público do evento lesse a PEC para não cair em ciladas que estariam sendo divulgadas pela imprensa e por políticos. Para ele, o que se diz da reforma é, em muitos pontos, diferente do que está na proposta.
"Não se pautem por promessas de transparência, de não cumulatividade e de simplicidade. O texto é cheio de detalhes. Dizer que vai ser transparente não o torna transparente, dizer que é simples não o torna simples. A verdade é que a reforma vai tratar corte de cabelo e industrialização em série de automóveis da mesma forma. São atividades diferentes e que devem ser tratadas de modo diferente", comento Ávila.
Votação em outubro
Em sua fala, o presidente do Senado projetou a votação da reforma para outubro. Ele também disse que alguns setores precisam pensar mais em "ceder" do que em "conquistar".
"Temos de ter mais a lógica de ceder do que de conquistar. Todos os municípios, os governos estaduais, a União, os setores, serviços, comércio, indústria, é muito importante que todo mundo ceda um pouco", afirmou Pacheco.
Segundo ele, a reforma já foi "suficientemente discutida", embora ainda seja necessário aprofundar alguns temas. De acordo com o senador, a aprovação da proposta é "inevitável".
O deputado federal Aguinaldo Ribeiro, relator da reforma na Câmara, disse não haver definição sobre a alíquota do IVA e que, por ora, existe apenas "especulação".
"Quanto vai ser não está definido ainda, mas o que se sabe é que os consumidores vão pagar mais ou menos o que pagam hoje", afirmou o parlamentar, sem entrar em detalhes.
Evento
O evento ocorreu no Centro Cultural FGV, no Rio, e teve formato presencial, mas também foi transmitido pelo canal da FGV no Youtube.
A organização do seminário foi do ministro Salomão, que é coordenador do Centro de Inovação, Administração e Pesquisa do Judiciário da FGV Conhecimento, e do desembargador Marcus Abraham, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2).
Revista Consultor Jurídico
Fonte: https://www.conjur.com.br/2023-ago-21/reforma-gerar-carga-brutal-alguns-dizem-especialistas