Bruno Imaizumi aponta para "forte geração de vagas de serviços em atividades complementares, como manutenção, portaria, segurança, limpeza, administrativo"
Por Marsílea Gombata, Valor — São Paulo
O retorno com mais força ao trabalho presencial tem contribuído para o setor de serviços gerar ainda mais vagas com carteira assinada, afirma Bruno Imaizumi, economista da LCA Consultores.
"O setor mais importante para a geração de vagas formais é o de serviços, que foi responsável por 98,2 mil vagas em setembro. Chama atenção o nível elevado, muito impulsionado por empresas voltando a esquemas mais presenciais de trabalho, deixando para trás o trabalho remoto", diz. "Todo mês temos visto forte geração de vagas de serviços em atividades complementares, como manutenção, portaria, segurança, limpeza, administrativo."
"Quando faço a divisão por setor, contudo, chamam atenção a desaceleração da construção civil e a aceleração da indústria de transformação", diz o economista " A indústria no geral gerou 43,2 mil vagas, acima de agosto, e esse movimento sazonal é explicado pela fabricação açúcar em bruto."
A construção civil, diz Imaizumi, continua mantendo níveis elevados de vagas criadas por conta de obras e investimento público no começo do ano, mas no setor privado a desaceleração é mais forte. "Isso tem ligação com o cenário restritivo de juros e inflação", afirma.
Ele argumenta ainda que, apesar do ritmo positivo na criação de emprego por carteira assinada, o cenário tem bom para vagas que não exigem muita qualificação do trabalhador, mas não para aqueles mais instruídos.
"Já temos visto registro fechamento de vagas para pessoas mestrado e doutorado. Temos de ficar atentos sobre os tipo de vaga geradas. Elas geram alto valor agregado ou pouco? Pelo que tenho visto, os números são mais fracos para pessoas com mais qualificação, e isso tem correlação com a produtividade [da economia]", conclui.