A trabalhadora precisou realizar os exames para poder trabalhar em navios de cruzeiro e teve seu pedido de indenização negado.
Da Redação
A exigência de realizar exames de HIV e toxicológicos não implica, por si só, dano à honra ou imagem. Assim entendeu a 1ª turma do TRT da 9ª região, ao negar indenização por danos morais a uma trabalhadora que precisou realizar os exames para poder trabalhar em navios de cruzeiro.
A autora trabalhou para quatro empresas, que formam um grupo econômico. A empregada exercia a função de camareira. Inconformada com a exigência na realização dos exames pré-contratuais, a trabalhadora ajuizou ação requerendo a indenização.
A 1ª turma do TRT da 9ª região negou o pedido. O colegiado destacou a defesa das empresas, que alegaram que a imposição do procedimento laboratorial era destinada a todos os empregados e era necessária para garantir a saúde dos próprios funcionários, uma vez que os recursos disponíveis em alto mar são limitados e restritos. "A conduta patronal se justifica em razão da especificidade do trabalho envolvido", ressaltou o relator do acórdão, desembargador Edmilson Antonio de Lima.
Na decisão, a 1ª turma enfatizou que o instituto da indenização por danos morais não pode ser banalizado. De acordo com os desembargadores, cada caso deve ser analisado cuidadosamente, evitando-se exageros e injustiças, "e também que qualquer aborrecimento ou descontentamento se transforme em indenização, mesmo porque o fato a ensejar dano à honra ou à dignidade do trabalhador deve ser relevante e devidamente comprovado".
A condenação decorrente do dano moral, acrescentaram, só se justifica nos casos em que o ato imputado como causador seja ilícito "e, de tal modo lesivo, que resulte em profundas cicatrizes no âmbito psicológico e emocional da pessoa".
Por fim, o colegiado explicou que as provas produzidas nos autos não demonstraram qualquer situação indenizável e, considerando que a parte não conseguiu provar o dano moral, a indenização não se aplica.
Processo: 0000297-24.2019.5.09.0015
Veja a decisão.
Informações: TRT da 9ª região.