Repórter Brasil
Os setores que são beneficiados com a desoneração da folha de pagamentos não estão entre os que mais empregam no Brasil. E algumas áreas ainda estão na lista das que mais cortaram vagas nos últimos dez anos. Os dados são de um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado nesta segunda-feira (4).
Sete setores da economia concentram a maior parte dos 98 milhões de ocupados no Brasil: comércio, agricultura e pecuária, educação, serviços domésticos, administração pública, saúde humana e alimentação. Das 87 áreas analisadas pelo Ipea, 47 abriram mais postos de trabalho do que fecharam nos últimos dez anos. Foram 13 milhões de empregos gerados.
Mas outros 40 setores reduziram os postos de trabalho em 10 anos: foram 4,6 milhões de vagas fechadas. Três áreas foram as que mais diminuíram empregos: agricultura e pecuária, administração pública e serviços especializados para construção.
Desses 40 setores que mais cortaram empregos entre 2012 e 2022, dez fazem parte dos incluídos na política de desoneração da folha de pagamento. De acordo com a pesquisa, nenhuma das 17 áreas que tem o benefício fiscal está entre as que mais geraram empregos na última década. Enquanto empresas privadas de outros setores expandiram em mais de 6% as vagas com carteira assinada, as empresas desoneradas reduziram em 13% o número de postos, o que representa a extinção de 960 mil empregos formais.
A proposta que prorroga até 2027 a desoneração da folha de pagamentos de 17 setores da economia está em discussão no Congresso Nacional. A matéria foi aprovada pela Câmara na última semana e como teve alterações, voltou para análise dos senadores. O benefício que, por enquanto, vale até o fim deste ano, permite que os empresários, em vez de pagarem a tradicional contribuição previdenciária de 20% sobre a folha de salários, paguem alíquotas de 1 a 4,5% sobre a receita bruta da empresa. O impacto estimado nas contas públicas é de R$ 9 bilhões.