Samir Achoa

Ex-deputado constituinte, o advogado Samir Achoa é um nome respeitado no Setor de Serviços por ter conseguido retirar da Constituição Federal de 88 um artigo que acabava com a Terceirização no país.

Como o senhor vê o atual cenário político nacional?

Meus mandatos políticos me deram mais de 30 anos de experiência. A deterioração da política hoje em dia decorre da impunidade, problema que tem se agravado. A corrupção já existia há 20, 30 anos, mas não da forma descarada que se vê hoje. Verdadeiras “quadrilhas” roubam o dinheiro público somente pela certeza de que nada vai lhes acontecer.

Qual deve ser a responsabilidade dos partidos políticos?

Deve ser total. São responsáveis pelo agravamento da corrupção. Tomemos o seguinte exemplo: para ingressar em um clube, o candidato a membro passa por forte investigação sobre sua vida pessoal e profissional, antes de ser aceito. Ele deve preencher requisitos éticos, morais, enfim, deve ser um cidadão idôneo. O mesmo processo deveria ser adotado pelos partidos, porque eles são a porta de entrada para que ladrões disfarçados de políticos cheguem a postos de comando. Na minha opinião, se os partidos fossem responsabilizados pela corrupção causada por seus membros, o problema diminuiria. Infelizmente, o que se vê são “mensaleiros” aplaudidos de pé nas convenções partidárias. É preciso ter uma legislação que estabeleça punição aos partidos que não penalizarem seus integrantes corruptos.

Que papel desempenha a Terceirização de Serviços no mercado brasileiro?

Se não fosse a Terceirização, o fantasma do desemprego iria assombrar um contingente muito maior de brasileiros. Porque esta é uma atividade de inclusão. É nela que idosos, jovens, pessoas de baixa qualificação e até mulheres grávidas, encontram a chance de serem economicamente ativas. Por isso, quem atua na área da Terceirização deve se orgulhar; porque, mais do que administrar uma corporação, esse empresário desempenha um papel social relevante. A organização da categoria e a manutenção do alto nível de qualidade dos serviços prestados aqui no Brasil demonstram que o setor está consolidado.

O senhor acredita que as resistências à Terceirização foram superadas?

A resistência de alguns setores à atividade tem diminuído ao longo dos anos, assim como o argumento de que a Terceirização explora a mão-de-obra que contrata. Alguns sindicatos laborais entendem erroneamente que a classe perde poder com a Terceirização; mas, devido a quantidade de empregos que promove e ao investimento que as empresas fazem no treinamento de profissionais, este é um setor inatacável.

Como começou seu envolvimento com a Terceirização de Serviços?

Na década de 80, enquanto deputado, passei a observar os prestadores de serviços de limpeza que atuavam na Câmara. Estreitei laços por meio do convívio diário com esses trabalhadores e tomei conhecimento das dificuldades enfrentadas pela categoria. Percebi que aquelas pessoas tinham encontrado na Terceirização a oportunidade de trabalho que mantinha as suas famílias. Na época, Aldo de Avila Jr., já era um líder desse setor e me procurou para ajudá-lo a barrar a entrada na Constituição de uma emenda que vetava a atividade em todo o país, porque a entendia como uma “exploração da mão-de-obra”. Em 88, a Terceirização já empregava 1 milhão de pessoas e não poderia ser extinta. Unimos forças e, numa votação de madrugada, conseguimos retirar a tal emenda que tornava ilegal terceirizar serviços em empresas. Ainda bem!

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